Promoção de Natal

4 de ago. de 2009

26/02/2008 - Tempestade


Capitulo XI
Durante a madrugada, a chuva caía pesada, o céu parecia chorar por ele. Rodrigo fixava o olhar em um ponto qualquer no teto da cabana, e assim como a água que limpava tudo lá fora, sentia a necessidade de expulsar de seu coração o misto de raiva e desejo que o consumia. Por que ele fora demonstrar o que sentia por Yana? Por que não percebeu que ao se calar perante a mãe ela rejeitara seu amor? Para que se expor daquele jeito se ela pertencia a um mundo tão diferente? Instintivamente, segurou seu amuleto. Uma onda de fúria fez com que arrancasse o cordão do pescoço, como se isso fosse capaz de tirá-la de seu pensamento. Deveria ir para longe, voltar para o navio, só assim estaria a salvo das armadilhas do amor. Sem pensar, levantou-se e saiu da cabana. Precisava lavar sua alma, e deixou a chuva forte cair sobre si, maltratando sua pele. Ergueu o rosto para o céu e deu um grito desesperado, como se pedisse auxílio às forças do universo para arrancá-la de dentro do seu peito:


- Dios!!!!


Yana abriu os olhos de repente. Havia sido difícil adormecer, e no momento em que se entregara ao sono, aquele aperto em seu peito a ergueu da cama. Seu coração a avisava de que algo estava errado, e ela só pensava em Rodrigo. Tinha que encontrá-lo para ter certeza de que nenhum mal o havia atingido. Desesperada, pegou sua faca e nem percebeu a chuva. Saiu correndo em direção à cabana onde ele estava. Era quase impossível enxergar o caminho, mas foi guiada pela intuição e pelos clarões que surgiam seguidamente no céu. Os trovões eram ensurdecedores, no entanto ela estava alheia aos avisos da natureza. Descalça, nem sentia as pedras machucando seus pés, pois só o que importava naquele momento era chegar até ele.
Nunca a ponte de madeira lhe parecera tão longa... Subitamente parou, estarrecida com o que viu: alguém estava à sua frente, fincado ao chão como uma rocha em meio ao lamaçal, ajoelhado e cabisbaixo. Era Rodrigo. Em meio à luz emitida por um raio que rasgara o céu, ele levantou a cabeça e a observou com um olhar lascivo. O corpo de Yana estava totalmente à mostra sob a fina veste molhada. A água da chuva deslizava pelas curvas sinuosas e tentadoras e ele passou a língua pelos lábios, desejando sorver cada uma daquelas gotas.
Ele se ergueu, e com um passo pôs-se à frente dela. Sobressaltada, ela largou no chão a faca que trazia consigo. Nada foi dito; a linguagem corporal falava por si só. Ele a prendeu em seus braços, apossando-se da sua boca com voracidade, até que o ar lhe faltasse. Suas mãos ávidas deslizaram pelas costas dela, e ao chegar aos quadris, abriu suas pernas, encaixando-a no fogo da sua descontrolada paixão. Buscando no fundo de sua mente algum resquício de lucidez, afastou-se dela lentamente, e viu o medo e o desejo estampados em seu rosto. Lançando-lhe um olhar endurecido, apossou-se de seus seios com mãos fortes, e rasgando o tecido, colou os lábios na pele macia e molhada. Aos poucos foi descendo, sua boca insaciável explorava cada parte da barriga, e ela gemia e se contorcia de prazer, até que ele chegou no ponto onde ela estava mais inflamada pelo desejo. Ele a levou a uma outra dimensão, e ela explodiu em um prazer incontrolável,
desconhecido,
inesquecível...
Por alguns momentos, ele conseguiu banir a raiva que o levou a agir daquela forma. Seu corpo nunca respondeu com tanta intensidade ao proporcionar prazer a uma mulher. A mistura de inocência e desejo primitivo em Yana era irresistível, e ele precisava possuir aquele corpo quente... Mas não poderia fraquejar agora, pois ela o excluíra de sua vida perante toda a aldeia. E não iria ser rejeitado duas vezes por uma índia.

Yana voltou à realidade, inebriada pelas emoções, e assustou-se com o sorriso de desdém que bailava nos lábios do homem que a subjugara através do prazer. Ela ainda segurava os cabelos de Rodrigo com força, quando finalmente ele se levantou. Fitando-o, maravilhada pelo que sentira, assustou-se ao deparar-se com outro homem. Alguém que ela não conhecia a tocara de forma voraz. E ela foi a única culpada por aquela mudança, com a sua omissão.
Deliciando-se ao vê-la tão submissa, Rodrigo fez um movimento brusco, afastando a mão dela de seus cabelos, e falou com uma voz cortante e fria como a chuva que caía.
-Você gostou do que eu te fiz sentir?
Entristecida, Yana tentava penetrar na redoma em que ele se escondera.
-Sim... Até ver em seus olhos que o Rodrigo que eu amo não estava aqui.
-O Rodrigo que você ama? Mas que tipo de amor é esse que rejeita e faz sofrer?
-Eu não te rejeitei, por favor, acredite em mim... Apenas compreendi que nossas vidas seguirão por caminhos diferentes. Você voltará para o seu povo e eu ficarei aqui, cumprindo a função para a qual fui criada.
Vagarosamente, Rodrigo abriu um sorriso de escárnio e bateu as mãos com firmeza, para aplaudir o que acabara de ouvir.
-Muito bem dito, princesa! Agora está falando como uma verdadeira sacerdotisa! Você acaba de decidir a minha vida sem ao menos saber o que desejo... E como sempre, está honrando seus costumes e esquecendo seu coração.
-Não posso ouvir meu coração!
-Mas você não ouviu seu coração ainda há pouco? Pois eu o ouvi clamar por mim. E quem estava aqui não era a sacerdotisa, mas a mulher que eu queria para ficar comigo para sempre.
-Você não entende que eu não posso abandonar tudo em que acreditei durante a minha vida?
Rodrigo a encarou pensativo, e viu que essa batalha estava perdida.
-Pois volte para sua aldeia e diga à Caia que participarei do ritual com a mulher que ela indicar. Quero ir embora daqui e esquecer este lugar o quanto antes.
Incrédula, Yana arregalou os olhos diante da mudança de atitude.
-Por que mudou de idéia?
Rodrigo aproximou-se mais, e emoldurando-lhe o rosto com as mãos, beijou-lhe seguida e avidamente, enquanto sussurrava:
-Vou aproveitar... princesa... para terminar com outra... o que comecei a fazer com você.
Zonza e com as pernas trêmulas pela embriaguez dos beijos e crueldade das palavras, juntou as mãos no peito de Rodrigo, afastando-o de si.
-Chega! O ritual não é fonte de prazer para nós, capitão!
-Mas para mim será. E não pense que o que se passou aqui teve alguma importância. Você surgiu do nada na minha frente e percebi que queria sentir prazer. Foi isso o que lhe dei. Algo para se lembrar enquanto viver.
Fuzilando Rodrigo com o olhar, Yana segurou as lágrimas.
-Agora que eu sei quem se esconde por trás do homem que pensei conhecer, arrependo-me de ter vindo até aqui.
-Tarde demais para arrependimentos... E daqui pra frente apenas este homem passará a existir. Portanto, cuidado!
Dizendo isso, Rodrigo correu os olhos cheios de cobiça pelo corpo nu à sua frente e foi embora, deixando-a sozinha.

Até aquele momento, Yana não havia se dado conta de sua nudez. A maneira como ele olhou para o seu corpo fez aumentar sua ira frente à fraqueza que sentira em seus braços. Finalmente reconhecera o mal, e iria combatê-lo. Pegando a faca que estava no chão, saiu correndo na direção de Rodrigo.
-Capitão...! Volte aqui!
Rodrigo virou-se devagar e viu a fisionomia dela transtornada.
-Acho que já terminamos a nossa conversa... Ou ainda quer algo de mim? Não foi suficiente o que eu lhe dei?
-De você eu não quero mais nada, Rodrigo de León, e não tenho medo de suas ameaças. Tenha cuidado comigo também, pois você ainda não me conhece!
-Conheço você mais do que pensa...
Ferida e descontrolada, Yana partiu para cima dele que, surpreso, não conseguiu evitar o golpe que ela desferiu em seu peito com o pé, e desequilibrado, caiu. Ela pulou sobre ele rapidamente, sentando-se sobre seu tronco, prendendo-o entre suas pernas e pressionando seu pescoço com a ponta da faca. No chão, extasiado com a atitude da mulher, e sentindo seus cabelos molhados roçarem sua pele, percebeu a respiração quente e ofegante contrastando com a fria lâmina da faca que o ameaçava. A beleza, outrora suave, do rosto de Yana, dera lugar a algo selvagem, indomável e avassalador. Seus olhos o queimavam com a fúria do fogo. Naquele momento, ela era o próprio fogo. Rodrigo sentiu-se totalmente dominado pela guerreira.
Yana levantou o canto dos lábios e, falou, com um sorriso enigmático:
-Estava enganado. Agora sim você me conhece. E coloque de volta o amuleto em seu pescoço, pois você vai precisar dele. – E aproximando seu rosto sem afrouxar a pressão da faca, beijou-lhe a boca, abrindo os lábios de Rodrigo com o furor de sua língua. Quando ele relaxou e quis retribuir o beijo, ela lentamente afastou o rosto, levantando-se. Olhando-o do alto, vitoriosa, afirmou lentamente:
- De você, capitão, não quero mais nada...


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Um comentário:

  1. Anônimo6/8/09

    Thanks for the really interesting Photo I have been saved this poem in my private diary.

    Get More Details

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Queremos conhecer sua opinião :)

A Sacerdotisa Yana e o Capitão Rodrigo

Capa do livro "Herança da Paixão", de Shannon Drake
Minha'lma de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver, pois que tu és já toda a minha vida

Não vejo nada assim, enlouquecida
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser, a mesma história tantas vezes lida

Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando te digo isso, toda a graça
De tua boca bonita fala em mim, de olhos postos em ti, digo de rastro

Podem voar mundos, mover astros
Que tu és como um deus, princípio e fim."

Florbela Espanca