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O índio concordou com a cabeça.
-E por que os guerreiros da sua tribo estavam lutando ao lado delas?
-Nossas tribos são aliadas e trocamos favores.
-Que tipo de favores?
-Ajudamos em batalhas, participamos do seu ritual de fertilidade, ou então oferecemos nossos prisioneiros para gerarem novas vidas. Recebemos em troca presentes brilhantes, como esses que você me deu.
Rodrigo sentiu que precisavam invadir logo aquele Templo, pois a cada momento aumentava a certeza da existência de metais preciosos nas terras que encontraram.
-Quando pode nos levar até lá?
Desconfortável por trair as aliadas de seu povo, Acauã cobriu o rosto com as mãos.
-Daqui a três luas as águas subirão e poderemos chegar à aldeia pelos igarapés. Mas temos que ter muito cuidado, pois existem animais perigosos neste caminho pelo rio. Eles comem gente, mas protegem as guerreiras.
Ainda insatisfeito com o pouco que descobrira sobre suas inimigas, Rodrigo indagou enfurecido:
-Que diabos de mulheres são essas que os animais selvagens não atacam e que lutam como homens? Que poder é esse que elas possuem?
-É a Magia.
-Por Dios, como posso acreditar que algo assim as torne tão poderosas a ponto de nos derrotar? Não acredito nisso. Acredito na estratégia de luta, na força e na habilidade dos meus soldados! - Ele franziu o cenho, quando uma idéia lhe veio à mente. - Em que época ocorrerá esse ritual sagrado?
-Daqui a cinco luas, quando o ciclo da vida na floresta se renovará.
Rodrigo esboçou um sorriso. Talvez houvesse encontrado o ponto frágil daquela tribo invulnerável. Sim, esse seria o meio para invadir o Templo... Ele buscou o olhar de Hugo, que acompanhava a conversa, e comunicou:
-Nessa época participaremos do ritual como prisioneiros da tribo de Acauã. Será o momento da nossa invasão.
(...)